Aqueles que me têm muito amor Não sabem o que sinto e o que sou... Não sabem que passou, um dia, a Dor À minha porta e, nesse dia, entrou. E é desde então que eu sinto este pavor, Este frio que anda em mim, e que gelou O que de bom me deu Nosso Senhor! Se eu nem sei por onde ando e onde vou!! Sinto os passos de Dor, essa cadência Que é já tortura infinda, que é demência! Que é já vontade doida de gritar! E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio, A mesma angústia funda, sem remédio, Andando atrás de mim, sem me largar!
(Florbela Espanca)
Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir.
sábado, 30 de junho de 2012
O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesmo compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que se não sente bem onde está, que tem saudades... sei lá de quê!
(Florbela Espanca)
"O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome. O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos. O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina. O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos. Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina. O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água. O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome. O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel. O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso. O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala. O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte."
— João Cabral de Melo Neto
"Quando se deseja realmente conquistar um coração, é preciso que antes já tenhamos conseguido conquistar o nosso, é preciso que ele já tenha sido explorado nos mínimos detalhes, que já se tenha conseguido conhecer cada cantinho, entender cada espaço preenchido e aceitar cada espaço vago…e então, quando finalmente esse coração for conquistado, quando tivermos nos apoderado dele, vai existir uma parte de alguém que seguirá conosco. Uma metade de alguém que será guiada por nós e o nosso coração passará a bater por conta desse outro coração. Eles sofrerão altos e baixos sim, mas com certeza haverá instantes, milhares de instantes de alegria. Baterá descompassado muitas vezes e sabe por que? Faltará a metade dele que ainda não está junto de nós. Até que um dia, cansado de estar dividido ao meio, esse coração chamará a sua outra parte e alguém por vontade própria, sem que precisemos roubá-la ou furtá-la nos entregará a metade que faltava… e é assim que se rouba um coração, fácil não? Pois é, nós só precisaremos roubar uma metade, a outra virá na nossa mão e ficará detectado um roubo então! E é só por isso que encontramos tantas pessoas pela vida a fora que dizem que nunca mais conseguiram amar alguém… é simples… é porque elas não possuem mais coração, eles foram roubados, arrancados do seu peito, e somente com um grande amor ela terá um novo coração, afinal de contas, corações são para serem divididos, e com certeza esse grande amor repartirá o dele com você."
— Luis Fernando Veríssimo
"Que eu saiba puxar lá do fundo do baú um jeito de sorrir pros nãos da vida. Que as perdas sejam medidas em milímetros e que todo ganho não possa ser medido por fita métrica, nem contado em reais. Que as relações criadas sejam honestamente mantidas e seladas com abraços longos. Que eu possa também abrir espaço pra cultivar a todo instante as sementes do bem e da felicidade de quem não importa quem seja, ou do mal que tenha feito pra mim. Que a vida me ensine a amar cada vez mais de um jeito mais leve. Que o respeito comigo mesmo seja sempre obedecido com a paz de quem esta se encontrando e se conhecendo com um coração maior. Um encontro com a paz e o desejo de viver."
— Caio Fernando Abreu
DIAS DIFÍCEIS
De repente tudo toma outro rumo e isso me confunde demais.
Nào sei viver de fachada, fingir e muito menos fazer o que não quero (mesmo que precise).
Então vem o conflito e a dúvida, e sentimentos pertubadores permeiam meus pensamentos me trazendo sensações ruins do mundo ao meu redor e das pessoas.
Não estava em meus planos mudar meus caminhos, me vejo numa situação de completa falta de opção. Preciso ter coragem, tudo na minha vida sempre foi assim, para uma grande mudança, uma dose exagerada de coragem. Pior de me controlar...pois sou muito corajosa e adoro mudanças (pra melhor, claro)
Estou tentando ser forte, resignada e paciente. Ah, e tenho meditado bastante para ouvir os conselhos de Deus.
Que os dias seguintes sejam melhores.
Nào sei viver de fachada, fingir e muito menos fazer o que não quero (mesmo que precise).
Então vem o conflito e a dúvida, e sentimentos pertubadores permeiam meus pensamentos me trazendo sensações ruins do mundo ao meu redor e das pessoas.
Não estava em meus planos mudar meus caminhos, me vejo numa situação de completa falta de opção. Preciso ter coragem, tudo na minha vida sempre foi assim, para uma grande mudança, uma dose exagerada de coragem. Pior de me controlar...pois sou muito corajosa e adoro mudanças (pra melhor, claro)
Estou tentando ser forte, resignada e paciente. Ah, e tenho meditado bastante para ouvir os conselhos de Deus.
Que os dias seguintes sejam melhores.
domingo, 10 de junho de 2012
"Eu quero andar de mãos dadas com quem
sabe que entrelaçar os dedos é mais do que um simples ato que mantém
mãos unidas. É uma forma de trocar energia, de dizer: - Você não se
enganou, eu estou aqui. Porque por mais que os obstáculos nos desafiem, o que realmente permanece costuma vir de quem não tem medo de ficar."
Tudo que sabemos a respeito do amor é inacabado. A cada pretensa linha de chegada, o nosso entendimento se depara com uma nova linha de partida. A cada porta atravessada, encontramos mais à frente uma outra para ser aberta. Fonte inesgotável de vida, o amor é um caminho que clareia, progressivamente, à medida em que o percorremos.É como se cada passo nosso descortinasse um pouco mais da sua luz.A jornada é feita de dádivas e alegrias, mas também de imprevistos, embaraços, inabilidades, lições de toda espécie. De vez em quando tropeçamos nos trechos mais acidentados. Depois levantamos e prosseguimos: o chamado do amor é irrecusável para a alma. Desistir dele para ela, é como desistir de respirar.________ Ana Jácomo ____
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