sábado, 14 de setembro de 2013










"Passam os minutos. Passam as horas. Passam alguns dias. Leu de tudo. Fez de tudo. Mas é tão difícil fugir do próprio silêncio. Tem até um dito japonês: Você pode fugir do barulho do rio e das folhas ao vento, mas o verdadeiro barulho está dentro de você."
Federico Mocchia.


Não fique pensando em mim, não fique esperando nada de mim, não invente estórias. Eu preciso ficar sozinho algum tempo e deixar que naturalmente tudo se tranquilize dentro de mim. Para então ver o que eu posso realmente dar a você ou a qualquer outra pessoa. No momento não tenho mesmo nada. Só coisas escuras. Prefiro guardar comigo.

 — Caio Fernando Abreu


A única pessoa a quem devo dar satisfações é a mim próprio e, dentro de certas limitações, eu me sinto relativamente cumprido com o que fiz de mim mesmo.

(Caio Fernando Abreu, carta a Hilda Hilst)


Eu ia te escrever qualquer dia, eu tinha — e tenho — um monte de coisas pra te dizer, aquelas coisas que a gente cala quando está perto porque acha que as vibrações do corpo bastam, ou por medo, não sei. Mas as coisas todas, externo-interno, eram muito difíceis e escuras, eu não tinha condições de mostrar ou dar nada a ninguém que não fosse também escuro, compreende? Eu não queria, eu não quero dar trevas, dor, medo, solidão — eu quero dar e ser luz, calor, amparo.

(Caio Fernando Abreu, carta a Vera Antoun)
"Choro sempre quando os dias terminam porque sei que não nos procuraremos pelas noites, quando o meu perigo aumenta e sem me conter te assaltaria feito um vampiro faminto para te sangrar e te deixar mudo, sem nenhuma história a te esconder de mim, enquanto meus dentes penetrando nas veias da tua garganta arrancassem do fundo essa vida que me negas delicadamente, de cada vez que me procuras e me tomas, contudo me enveneno mais quando não vens e ninguém então me sabe parada feito velha num resto de sol de agosto, escurecido pela tua ausência."

 Caio Fernando Abreu

Eu amo tudo o que foi
Tudo o que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e errônea fé
O ontem que a dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.

Fernando Pessoa
"Tenho uma dor de concha extraviada.
Uma dor de pedaços que não voltam.
Eu sou muitas pessoas destroçadas."

 Manoel de Barros
"Por favor, não me analise. Não fique procurando cada ponto fraco meu. Se ninguém resiste a uma análise profunda, quanto mais eu… Ciumento, exigente, inseguro, carente. Todo cheio de marcas que a vida deixou. Vejo em cada grito de exigência. Um pedido de carência, um pedido de amor. Amor é síntese. É uma integração de dados. Não há que tirar nem pôr. Não me corte em fatias. Ninguém consegue abraçar um pedaço. Me envolva todo em seus braços. E eu serei o perfeito amor."

— Mário Quintana.
"Com o tempo você vai percebendo que para ser feliz com outra pessoa, você precisa em primeiro lugar, não precisar dela. Percebe também que aquela pessoa que você ama ou acha que ama, e que não quer nada com você, definitivamente, não é a pessoa da sua vida. Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você. O segredo é não correr atrás das borboletas, é cuidar do jardim para que elas venham até você. No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você."

— Mário Quintana.

Tomara


Tomara
Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho

Tomara
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais

Vinicius de Moraes
"O amor é perigoso para quem não resolveu seus problemas. O amor delata, o amor incomoda, o amor ofende, fala as coisas mais extraordinárias sem recuar. O amor é a boca suja. O amor repetirá na cozinha o que foi contado em segredo no quarto. O amor vai abrir o assoalho, o porão proibido, fazer faxina em sua casa. Colocar fora o que precisava, reintegrar ao armário o que temia rever. O amor é sempre assassinado. Para confiarmos a nossa vida para outra pessoa, devemos saber o que fizemos antes com ela."

— Fabrício Carpinejar.
Saí ano, entra ano, e vivemos os 365 dias buscando a fórmula de como mudarmos os hábitos desnecessários, os estresses desnecessários, as pessoas desnecessárias e os “nós” de nós mesmos, que por vezes são fortemente desnecessários para carregarmos junto com tanto pesar.
Nesse mundo atual onde números e porcentagens aparentam significar grande coisa, a facilidade de mudar de maneira simples, falando na tal da “porcentagem”, é baixa. A gente se acomoda, a gente deixa pra semana que vem, pro mês que vem, pro ano que vem e, – puft, de repente, o tal ano que vem já chegou. Chegou, e é disso que estou falando, a hora de mudar e correr em busca do que se quer é agora, ou estás a fim de deixar para o próximo ano mais uma vez? Bom, seja lá qual for a sua resposta, a minha é um não maiúsculo e em negrito, dito em alto e bom som.
E como sempre ouvimos falar, a maioria das coisas não são fáceis, mas todas que queremos, com vontade e verdade, sempre valem à pena.
Então, o dia para o qual você adiou todas aquelas coisas no ano passado, sabe? Ele chegou. Viu como é? Até o tempo dá tempo. Tempo para amadurecer, tempo para ver se realmente aquilo que queríamos ainda queremos e agora com ainda mais intensidade. E agora, meu querido, se a sua resposta for sim, não perca tempo, o ano já se iniciou, aliás, já está indo para os “finalmentes”, mais uma vez.
Tire o salto alto, a hora de se mover é agora, e a direção é para frente.

(Kamila Behling)


“Não osciles entre o espelho e a memória em dissipação. Quem se dissipou, não era poesia. Quem se partiu, cristal não era.”

— Carlos Drummond de Andrade

Ventos



Ventos que elevem nossas forças.

Ventos que distribuam os sentimentos advindos.

Ventos que sussurrem levemente e inflamem de força e coragem os nossos. E que essa mesma ventania traga o que merecemos.

Que seja forte para amparar nossos desafios e dores.

Que seja brisa para massagear nossas esperanças.

Vento nos permita diminuir as distâncias. Que mesmo bem longe entendamos que foi encomendado com muito apreço somente para zelar.

Ventania cara amiga nos de a habilidade de usar sua força para oscilar dilemas. Desembaralhar travas ou medos e com seu encanto pisaremos firme na estrada interna e externa.

Quando nos arriscarmos ou erramos sua presença não nos deixará lamentar e como um redemoinho tentaremos sem se entregar. Caso choremos nos ofereça carinho até acalmar.

E que cada dádiva realizada nós possamos dividir com todos por sua grandeza!
"Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do abismo. Não sei onde me levará, porque não sei de nada. Poderia considerar esta estalagem uma prisão, porque estou compelido a aguardar nela; poderia considerá-la um lugar de sociáveis, porque aqui me encontro com outros. Não sou, porém, nem impaciente nem comum. Deixo ao que são os que se fecham no quarto, deitados moles na cama onde esperam sem sono; deixo ao que fazem os que conversam nas salas, de onde as músicas e as vozes chegam cômodas até mim. Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero."
— Fernando Pessoa.


Há de se ter, primeiramente. Sim, porque se queres obter algo tens que ter-se obtido, a ti mesmo, antes de tudo.

Tem que ser de você mesmo, tem que se ter nas mãos, tem que se conhecer, tem que se gostar, se namorar, se amar. O amor próprio é o começo de todos os outros.

Há de se ter lealdade, carinho, afeto, transparência e um romance de tirar o fôlego com o seu eu.

Há de se degustar, de se atirar, de se assegurar.

Há de criar uma nova verdade para cada novo dia.

Há de ver novos horizontes, diferentes pores-do-sol.

Há de mudar a forma de ver as decepções e até mesmo as alegrias.

Há de chorar todas as lágrimas quando elas quiserem sair, e que se danem os motivos.

Há de se escabelar, se cansar, se doer. Doer é uma das mais reais formas de sentir, e acrescento mais: doer é uma prova viva do sentir, seja lá pelo que for.

Há de, vez-em-quando, se dar um banho gelado, se estender no varal para secar ao vento e ao sol; o que não pode é se deixar mofando num sofá às escuras, fazendo birrinha com a vida e choramingando por tudo e por nada.

Há de aperfeiçoar as asas, aceitar a perfeita fase de transição na qual vivemos todos os dias.

Há de dar um suspiro fundo e um salto para frente.

O que conta é manter-se vivo. O que conta é permitir-se.


Tenho um livrinho onde escrevo
Quando me esqueço de ti.
É um livro de capa negra
Onde ainda nada escrevi.

Fernando Pessoa
Abraço tem que ter pegada, jeito, curva. Aperto suave, que pode virar colo. Alento tenso, que pode virar despedida. Abraço é confissão. Abraço não pode ser rápido senão é empurrão. Requer cruzamento dos braços e uma demora do rosto no linho. Abraço é para atravessar o nosso corpo.
(Fabrício Carpinejar)