sábado, 14 de setembro de 2013



Há de se ter, primeiramente. Sim, porque se queres obter algo tens que ter-se obtido, a ti mesmo, antes de tudo.

Tem que ser de você mesmo, tem que se ter nas mãos, tem que se conhecer, tem que se gostar, se namorar, se amar. O amor próprio é o começo de todos os outros.

Há de se ter lealdade, carinho, afeto, transparência e um romance de tirar o fôlego com o seu eu.

Há de se degustar, de se atirar, de se assegurar.

Há de criar uma nova verdade para cada novo dia.

Há de ver novos horizontes, diferentes pores-do-sol.

Há de mudar a forma de ver as decepções e até mesmo as alegrias.

Há de chorar todas as lágrimas quando elas quiserem sair, e que se danem os motivos.

Há de se escabelar, se cansar, se doer. Doer é uma das mais reais formas de sentir, e acrescento mais: doer é uma prova viva do sentir, seja lá pelo que for.

Há de, vez-em-quando, se dar um banho gelado, se estender no varal para secar ao vento e ao sol; o que não pode é se deixar mofando num sofá às escuras, fazendo birrinha com a vida e choramingando por tudo e por nada.

Há de aperfeiçoar as asas, aceitar a perfeita fase de transição na qual vivemos todos os dias.

Há de dar um suspiro fundo e um salto para frente.

O que conta é manter-se vivo. O que conta é permitir-se.