domingo, 11 de agosto de 2013

Painho, sempre vivo em meu coração

Ele chegava de suas viagens à trabalho quase sempre depois das 10 da noite, pulava ansiosa da cama para vê-lo e reconheço o meu egoísmo, nem sempre era saudade...mas a espera das coxinhas do Gricha, dos pastéis de Zé da Cruz ou mesmo dos pães de açúcar. A expectativa sempre existia, mesmo quando não trazia algo para encher minha barriga, trazia algo que enchia minha alma, passava na banca de revista e trazia alguma pra eu ler; Como sou grata por isso!
Não fosse assim não teria tanto apreço pelos livros como tenho, sou uma eterna apaixonada pelas palavras, escrever pra mim é um ato sagrado onde libero uma catarse de emoções, talvez nunca dantes mostradas para alguém ou até mesmo pra mim mesma, mas não tô aqui pra falar de mim e sim da sua caridade. A maturidade nos trás uma visão do mundo e das pessoas completamente diferente da que tinha outrora, como por exemplo a maneira que o via, muitas vezes olhando apenas o lado ruim que por momentos apresentava.
Lembro me com orgulho do quanto era caridoso, pois nessa voltas de viagem, ao perceber o choro de um dos filhos do vizinho, logo se preocupou e perguntou pra minha mãe- “Será que os meninos estão chorando com fome? Para tirar a dúvida, pedia que ela fosse a casa deles; e para não ser invasiva devido a hora e a circunstância, pedisse umas folhas de erva-cidreira para fazer um chá (com a desculpa que estava com algum mal estar) e em troca levasse algo de comer para caso sua desconfiança se comprovasse, assim praticava a sua caridade e dormia mais tranquilo, quase de forma sutil.
Agora sei de onde herdei todo incômodo que me causa ver a dor do outro, sempre tento ajudar.
Esse é apenas um dos muitos casos que me lembro... Demorei muito pra perceber que aquilo era mais um ato de sua nobreza, que passou tantas vezes despercebido.

Saudades...