Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir.
quinta-feira, 19 de junho de 2014
Brincando de amar
Hoje podias vir aqui em casa. Se deixar levar por uma noite só nossa, repleta de beijos de borrar contornos e conversas ao pé do ouvido. Repleta também de bem-querer e olhar risonho. Aqui, juntos, vamos dar um beijo que nunca aconteceu, justamente para sempre acontecer.
Na minha casa as paredes são convidativas e a cama vira vírgula perto da exclamação que fazemos em cima da mesinha da sala. Entre nós arquitetamos redemoinhos de lençóis que desviam e brincam de acobertar amores de tom simples. Admito, amo brincar de amar e, ao mesmo tempo, te comer todinha. Mescla que traz à tona mimo e safadeza num beijo de uma nota só.
De cômodo em cômodo contamos a nossa história para os moveis enciumados que ali nos observam. Nos pegamos de jeito, assumimos nossos defeitos e vamos de carona no eco do teu gemido azaleia. Não desvia o olhar, me olha fundo e, fundo, saiba que não será só o olhar. Não prometo mundos, nem fundos, prometo sorrisos e orgasmos. Todos múltiplos. Prometo também beijos que pedem mudez. Pedem carinho e safadeza, atenção e destreza, simplicidade e falta de memória.
Falta de memória para esquecer quem és, quem sou, e enaltecer o fato de que, ali, só existem duas pessoas simples e comuns que desejam trocar um pouco de alma. Desnuda o pensar e não premedita minhas opiniões. Não fique com receio de ser quem és. Rebola, olha, pede tapa e beija como se não houvesse amanhã. E quando o amanhã chegar não se esqueça que cada viradinha de olho foi arrancada de ti com o maior carinho do mundo.
Sentimentos se ampliam na divisória dos momentos. São chaves que fecham e corações que abrem. São gaiolas-palavras que protegem a saudade e colorem dizendo como ficas linda ao meu lado.
E assim, que não deixemos que o orgasmo seja a morte do nosso desejo.