"Eu nunca fui uma moça bem-comportada. Pudera, nunca tive vocação pra
alegria tímida, pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor
mal-resolvido sem soluços. Eu quero da vida o que ela tem de cru e de
belo e não estou aqui pra que vocês gostem de mim, mas pra aprender a
gostar de cada detalhe que tenho e seduzir somente o que me acrescenta.
Tenho uma relação de amor com a poesia e gosto de descascá-la até a
fratura exposta da palavra. A palavra é meu inferno e minha paz. Sou
dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que quase me
deixa exausta. Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.
Eu sei chorar toda encolhida abraçando as pernas. Por isso, não me venha
com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com
corpo, alma, vísceras e falta de ar…. Eu acredito é em suspiros, mãos
massageando o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias
explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos, em abraços
que trazem pra vida da gente. Acredito em coisas sinceramente
compartilhadas. Em gente que fala tocando no outro de alguma forma, no
toque mesmo, na voz ou no conteúdo. Eu acredito em profundidades. E
tinha medo de altura, mas não evitei meus abismos: são eles que me dão a
dimensão do que sou."
—
Marla de Queiroz