domingo, 12 de julho de 2015


Voar com a asa ferida? Abram alas quando eu falo. Que mais foi que fiz na vida? Fiz, pequeno, quando o tempo estava todo ao meu lado e o que se chama passado, passatempo, pesadelo, só me existia nos livros. Fiz, depois, dono de mim, quando tive que escolher entre um abismo, o começo, e essa história sem fim. Asa ferida, asa ferida, meu espaço, meu herói. A asa arde. Voar, isso não doi.


Paulo Leminski; in Distraídos Venceremos