Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir.
segunda-feira, 8 de julho de 2013
Amor à segunda vista
Nem sempre amamos de cara, no primeiro olhar, naquele impacto da apresentação formal. É possível brotar um sentimento logo no primeiro encontro, mas o melhor mesmo é quando vai acontecendo aos poucos e a gente nem percebe. Desse jeito, o amor chega para ficar.
Em alguns casos, aquele encantamento inicial nos surpreende de tal forma, que temos a certeza de que algo diferente vai acontecer. Temos quase convicção de que encontramos alguém especial e que tudo vai se modificar a partir de então. Nem sempre. Muitas vezes esse assombro no peito causa um furor efêmero. Vai embora como chegou. Coisas que a alma da gente não explica. Sintonia instantânea, afinidade relâmpago, atração exclusiva para aquele momento.
Amar no segundo ato significa apaixonar-se após conhecer, perceber as nuances da personalidade alheia durante a rotina, encantar-se pelo mau humor dele numa manhã de segunda-feira. Não sentimos como começa, pois o sentimento entra no peito sem bater. Aos poucos, aquela voz vai agradando mais aos ouvidos, o perfume se torna facilmente reconhecido, a ausência é mais percebida. Não notamos quando, nem como essa sensação se aproxima, mas sabemos exatamente o momento em que não podemos mais negar.
Amor à primeira vista é um impulso do coração. Sem raciocinar, se entrega com a cumplicidade dos olhos. Acredita na capacidade do corpo encontrar alguém que lhe satisfaça. Amar depois é conhecer cada detalhe e, ainda assim, querer descobrir mais daquela pessoa. Sentimento maduro, que resiste aos percalços e às dificuldades do dia a dia. Amor vira sinônimo de tolerância e compreensão.Felicidade rima com estabilidade.
Amor à segunda vista nos faz enxergar melhor a vida, cria uma resistência muito maior para os problemas rotineiros do casal, estabelece uma fidelidade rara da liberdade para sentir. Esse amor não pressiona, não exige, não determina. Ele surge, permanece e é mandado apenas pela vontade. É um amor que existe porque foi construído. Nele reside a serenidade do diálogo, o sorriso de um bom dia, a paz de um sono compartilhado. Amor à segunda vista tem mais chances de ser o último. Chances de ser eterno.